Centro de Convenções e Feiras Amazônia

Centro de Convenções e Feiras da Amazônia by Erwin Galtier

ARQUITETURA E TECNOLOGIA
HANGAR    INSPIRA    NOVA FACHADA
Centro de Convenções e Feiras da Amazônia,  Belém
Paulo Chaves e equipe

Transformado em espaço para feiras e eventos, o hangar da década de  1950, pertencente ao parque da Aeronáutica,  foi ampliado e total­
mente remodelado, ganhou um novo bloco e inspirou a criação de um sistema especial de fachada-cortina, batizado de Fachada Hangar.

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Subutilizado, por não mais permitir o pouso de aeronaves para manutenção, o antigo hangar, na capital do Pará , estava fadado a se transformar em uma extensa área abandonada e decadente. Mas a Secretaria da Cultura estadual decidiu preservá-lo e utilizar a qualidade de sua estrutura metálica e suas características arquitetônicas como pontos de partida para a linguagem conceituai do novo projeto, que passou a abrigar o Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, inaugurado em maio deste ano.
O grande vão livre, de 50 x 100 me­tros, e o pé-direito, que nos pontos mais altos alcançava 20 metros, indicaram o potencial de aproveitamento da edificação. À antiga estrutura metálica foram agregados reforços, ampliações e adaptações. O hangar teve sua área aumentada em três vezes, 
mantendo-se o seu sistema construtivo metálico, e foi implantada uma segunda edificação, com estrutura de concreto protendido e cobertura metálica, informa o arquiteto Gustavo Leão, que participou da equipe de arquitetos da Secretaria da Cultura, sob a coordenação do arquiteto Paulo Chaves Fernandes, autor do projeto e, na época, também titular da pasta.
E 20 metros, o espaço reservado para feiras é circundado por uma passarela metálica suspensa, que facilita a
manutenção e proporciona ao visitante uma visão ampla do conjunto. No pavimento superior estão 12 salas de múltiplo uso, salas para reuniões, secretaria e central de comunicação com o cliente.
No térreo do hangar 2 estão a praça de
alimentação, restaurante, sanitários, administração do complexo e pátio de carga e descarga. O andar superior abriga foyer, com 770 metros quadrados, e um auditório modulável de 1.879 metros quadrados, com capacidade máxima para
2.084 lugares, podendo ser dividido em até oito módulos/auditórios, para 215 pessoas cada um.

Basicamente, o projeto compõe-se dos dois grandes galpões (hangares 1 e 2), um setor de transição entre eles e uma passarela de serviço. o total, são 24 mil metros quadrados construídos e 48.816 metros quadrados urbaniza­dos. No térreo do pavilhão principal, o hangar l, ficam a área para feiras e exposições e infra-estrutura de apoio. Com cerca de 6,1 mil metros quadrados e pé-direto variando entre seis

Fachada Hangar


Para a execução da obra foi criado o Consórcio do Hangar, formado pelas empresas Paulitec Construções e Construbase Engenharia. Com as novas funções, a estrutura do hangar 1 teve que ser re­forçada para atender às solicitações de cargas de vento, obedecendo a projetos específicos encomendados pelo consórcio e analisados pela empresa RCM Estru­turas  Metálicas,  contratada  do Grupo.

Sistema simples e ágil

Nas fachadas projetadas para a obra do centro de convenções, o gancho d e ancoragem tem reentrâncias usinadas para pendurar os painéis de forma fácil, como se fosse um quadro na parede. Utilizou-se uma ancoragem a cada 700 milímetros de distância. Na seqüência vieram as regulagens de prumo, com parafusos de aço
inoxidável, recobertos por uma espécie de bucha de náilon, para fazer o isolamento entre aço e alumí­nio. Parte do sistema de ancoragem, esses parafusos também ajudam a eliminar a vibração, caso ocorra movimentação da fachada. "Com isso, resolvemos 5 mil metros quadrados de fachada com um único tipo de perfil" , informa Luiz Carlos Santos, diretor da Alumínio Brasil.

O sistema da Fachada Hangar é composto, ainda, por duas gaxetas: uma de EPDM, existente no encontro do perfil principal com o perfil de arremate, funcionando  como uma presilha; a outra de silicone, no encontro entre dois quadros. Esta é bem flexível e seu desenho permite o ajuste perfeito no canal da junta entre os quadros, adaptando-se às movimen­tações da fachada, sem perder a eficácia de vedação.

Galtier. Este assumiu, sob a coordenação   do engenheiro Guilherme Cerqueira, o projeto executivo para a construção das fachadas e das abóbadas envidraçadas
da cobertura. O grupo representa , no Brasil, a Glaverbel, fabricante belga dos vidros utilizados na obra.
Atendendo  às exigências do projeto arquitetônico, a RCM projetou estruturas auxiliares leves atirantada s. Para fixação dos vidros, o arquiteto e consultor do projeto Paulo Duarte, da PCD Consul­tores, partiu de um conceito segundo o qual eles deveriam ser o mais leve pos­sível, aproveitando o suporte  daquelas estruturas.
Esse conceito evoluiu para um sistema de fachada-cortina desenvolvido pela Alumínio Brasil e batizado de Fachada  Hangar.  Segundo  Luiz  Carlos  Santos, diretor da empresa, o  consultor  queria um sistema que fosse rápido para montar e sugeriu que os montantes já incorporassem os ganchos de ancoragem, o que levou ao uso, em toda a fachada externa, de u m único tipo de perfil. Trata-se de uma peça que é, ao mesmo tempo, a coluna, a folha, o montante e o gancho de ancoragem. "O que fizemos foi um per­fil que já incorpora o gancho através de usinagem. É a primeira vez que esta solução é utilizada", afirma Santos.
O projeto das fachadas também tirou partido da resistência das estruturas me­tálicas, propondo um sistema unitizado com perfis esbeltos que atendessem às es­pecificações de cargas de ventos. Toda a pressão da fachada foi transportada para a estrutura metálica, reduzindo, com isso, a quantidade de alumínio e a profundidade das colunas. "O peso estimado da obra por outras empresas era de 28 toneladas de alu­mínio, mas nós fechamos com apenas 12 toneladas, destaca Santos. Segundo ele, a redução de material e, conseqüentemente, de custo deu-se graças a  um estudo que encontrou a solução técnica ideal para as exigências da arquitetura. Os arquitetos queriam pouco alumínio à vista e que tudo fosse o mais simples possível, mas com grandes vãos - tanto que alguns quadros de vidro chegam a ter 2,5 x 4,5 metros de dimensão e peso de 500 quilos.

A vedação do sistema recebeu gaxetas de silicone, que se encaixam e se  confor­mam, mesmo que as fachadas variem de medida. Além disso, essas gaxetas possi­bilitaram a obtenção de juntas externas pequenas, de 12 a 13 milímetros, outra exigência dos arquitetos.

Desafios na montagem
Segundo Luiz Carlos Santos, a instalação dos vidros do restaurante (hangar 2) impôs à equipe alguns desafios. Durante a fase final da obra, o lago que ocupa toda essa área e grande parte do local já estava cheio, dificultando o acesso e  impedindo a montagem  de andaimes. 
Além disso, o prédio possui um beiral metáli­co que avança um metro além do plano da fachada, não permitindo  a aplicação direta dos vidros.
Era necessário desenvolver um siste­ma que pudesse deslocar o vidro para o  seu plano de instalação, sem que o beiral atrapalhasse . Foram feitas simulações em computador até encontrar a forma ideal uma pequena estrutura encaixada no beiral, que mantinha o eixo de içamen­to com o eixo de gravidade do conjunto. Dessa maneira , o guindaste pôde içar todo o conjunto e descansá-lo sobre o trilho. Em seguida , foi feito o trabalho de instalação, pois o trilho e a talha per­mitiam os ajustes.
Desenvolvido em São Paulo, o projeto da Alumínio Brasil indicava como usinar, cortar, montar e instalar estruturas de alumínio e quadros de vidro. Os perfis foram produzidos pela Amplimatic, em São José dos Campos, e entregues ao Cen­tro Industrial de Usinagem (CIU), em São Paulo, onde foram  feitos todos os cortes e usinagens. Em seguida, as peças foram enviadas para Belém, onde  uma  equipe do Grupo Galtier organizou um galpão, fora da obra, para a montagem dos qua­dros e colagem dos vidros.

Projeto dos vidros curvos
A fachada frontal do hangar 1 tem 51 metros na maior largura, 17 metros na maior altura e área envidraçada de apro­ximadamente 2,4 mil metros quadrados. Nas fachadas do hangar 2, com 60 metros de frente, 11 metros de altura no beiral (calha) e 21 metros de altura no ponto máximo do arco do telhado, o vidro tem inclinação de 45 graus. Na cobertura em duas águas do hangar 1 há duas abóbadas que somam cerca de 950 metros quadra­dos - o que representa 13% da área total da cobertura, que é de cerca de 7,3 mil metros quadrados -, com vidros curvos laminados na cor verde, semi temperados. Esse plano de vidro permite a transmis­são de luz natural para a  área de feiras e eventos. Telhas metálicas termo acús­ticas do tipo sanduíche, com miolo de poliuretano expandido, contribuíram, igualmente, para a redução de carga tér­mica e acústica.
O envidraçamento dessas abóbadas exigiu o curvamento de 432 peças de laminados Sunergy, com 12 milímetros de espessura , num raio externo de 5,60 metros, comprimento de arco de 2,35 metros e com medida da geratriz de 2,48 metros. Esses vidros foram lami nados e curvados na Itália, com precisão extrema, permitindo a perfeita montagem sobre a estrutura em arcos tensionados com tirantes de aço, projetados pela RCM. Cada um deles pesou 173 quilos e seu transporte para a posição final chegou à altura de 20 metros.O consultor Paulo Duarte projetou,para a fixação desses elementos, um sis­tema  baseado  em perfis  do tipo e em alumínio, que formaram caixilhos com dois lados calandrados,  acompanhando a curvatura da estrutura metálica e dos vidros. Duarte foi também o responsável pela determinação das dimensões exatas em milímetros desses vidros curvos.


Instalação
O hangar l tem área envidraçada com Sunergy Green 66.l de 1.675,30 metros quadrados. Além disso, seus acessos prin­cipais são compostos pelo sistema spider glass, com vidro laminado e temperado, perfazendo um total de aproximadamente 500 metros quadrados. As clarabóias são formadas por grandes painéis de 2.500 x
2.327 milímetros em vidro curvo lamina­do e temperado, instalados à altura média de 18,50 metros - o que tornou a operação mais complexa, levando-se em conside­ração o peso de cada peça e os inúmeros riscos envolvidos neste caso.
Na área de circulação há dois grandes panos de vidro em Sunergy Green 66.l, pé-direito  duplo de 7,95 metros, e uma clarabóia em vidro plano do mesmo tipo,com 75,84 metros quadrados.Os caixilhos foram instalados em um sistema atirantado de tubos e vergalhões de aço pintados,conforme o padrão da obra.

O hangar 2,seguindo o mesmo padrão proposto à área de circulação,tem grandes vãos com  pé direito duplo,perfazendo o total de 1.079,19 metros quadrados,com destaque para o restaurante,onde painéis de vidro Sunergy Green 66.1 de até 4.460x2.500 milímetros foram instalados em uma estrutura leve e arrojada de tubos e tirantes de aço.O processo de instalação ocorreu em uma situação extremamente complexa,devido ao ângulo exigido pelo projeto e a outros detalhes que acompanham a obra.

O Sunergy faz parte do seleto grupo de vidros chamados de low-e,que apresentam a característica de refletir ou absorver grande parte da radiação infra-vermelha,ou seja calor;deixando passar um elevado percentual de luz visível,sem apresentar o forte efeito espelho,resultante da reflexão excessiva das radiações luminosas."A ultilização desse vidro anulou a necessidade de iluminação artificial durante o dia nos grandes vãos,oferecendo conforto térmico",informa Claudio Solon,diretor para a região Norte/Nordeste do Grupo Galtier.(Por Jaime Silva e Cida Paiva) 

Da Bélgica para Belém,via Itália

importados da Glaverbel Bélgica e processados parte no Brasil(corte e lapidação dos laminados das fachadas) e parte na Itália(vidros curvos temperados e laminados,e fachada spider glass),os vidros ultilizados na obra do Centro de Convenção e Feiras da Amazônia exigiram uma cuidados logística até chegar a Belém ,no Norte do País "Devido ao peso e à altura das chapas de vidro  de 3,21 x 5 metros e às características específicas de transporte desse tipo de material,os contêineres somente puderam ser desembarcados em portos com condições especiais de movimentação,normalmente situadas no Sudeste",explica Claúdio Solon,diretor para a região Norte/Nordeste do Grupo Galtier

Os vidros saíram da Bélgica para o porto de Vitória,onde foram feitos os cortes,e depois seguiram para Belém,percorrendo 3.267 quilômetros de estradas.Para realizar os complexos cortes desse material,de acordo com o projeto,e entregar os panos de vidro na obra sem grandes perdas por quebra,desenvolveu-se um planejamento que envolveu terminais de descarga,caminhões rebaixados,mesas especiais de corte e sistemas de transporte verticais e horizontais.Devido aos riscos existentes no processo,decidiu-se adquirir uma segunda linha de corte,para que parte do material fosse processada em Belém.

A singularidade do projeto também, exigiu estudo específico para a montagem e a instalação das fachadas,ultilizando-se o que havia de mais moderno em termos de equipamentos,como ventosas  importadas da Itália,guinchos e munks capazes de vencer grandes distâncias e alturas,além de outras ferramentas desenvolvidas especialmente para a obra.Os vidros adotados nas fachadas e clarabóias do centro de convenções têm características técnicas que permitem a rejeição de quase todo o calor,ao mesmo tempo em que deixam passar grande parte da luz natural.Mesmo assim,todo o conjunto deverá funcionar com 100% de climatização artificial,devido às elevadas temperaturas da região

Ficha Técnica

Obra:Centro de Convenções e Feiras da Amazônia

Cliente:Secretária Executiva de Estado da Cultura

Local:Belém,PA

Projeto:2005

Conclusão da Obra:Maio de 2007

Área do terreno:64.000 metros quadrados

Área construída:25.000 metros quadrados

 

Equipe Técnica

Arquitetura:equipe da Secretária da Cultura - Paulo Roberto Chaves  Fernandes(coordenação);Aurélio Meira,Mariângela Melo,Rosário Lima,Gustavo Leão,Ana Paula Batista,Karla Costa,Leila Barbosa,Pablo Fernandes e Sérgio Neves

Construção:Consórcio do Hangar - Paulitec e Construbase

Ampliação do Hangar 1:Link da Amazônia Construtora

Fachadas e coberturas:Grupo Galtier/jepracorp -  Erwin Dobnig Galtier

Sistema de fachadas:Aluminío Brasil

Estruturas metálicas das fachadas e spider:RCM

Especificação de vidros:PCD - Paulo Duarte(consultoria)

Projeto estrutural e fundação:Archiminino Athaide Neto,Júlio Alencar e Alberto Hamazaki

Projeto hidrossanitário e elétrico:MKR

Automação:Tetraeng

Ar condicionado:Thermoplan

Luminotécnica:Antônio Carlos Mingrone e Paulo R. dos Santos

Paisagismo:Fernando Chacel e SIdney Linhares

 

Fornecedores

Estruturas metálicas:Imaço

Vidros:Glaverbel Bélgica/Jepracorp Importação

Perfis de Aluminío:Amplimatic

Guarda-Corpos,portas e divisórias de vidro:Amazon Vidros

Telhas Metálicas:Panisol Isocobertura