AltaVila Center e Torre Piemonte

AltaVila Center e Torre Piemonte - MG by Erwin Galtier

TORRE METÁLICA NA    PAISAGEM MINEIRA
AltaVila Center Class e torre Piemonte, Nova Lima, MG                                                                   Humberto Gontijo

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Projetada para ser um novo ponto turístico da capital mineira, a torre Piemonte faz parte do empreendimento AltaVila Center Class. Construí­do em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, o conjunto é composto por um edifício-garagem e, implantado sobre ele, um shopping center.

Um dos principais condicionantes apresentados para o desenvolvimento do projeto arquitetônico era a criação de vagas de estacionamento para aten­der à demanda de clientes e funcioná­rios da montadora de automóveis Fiat, explorando o potencial do terreno de 7 mil metros
quadrados para outros usos. O arquiteto Humberto Gontijo propôs uma grande área de lazer e en­tretenimento, onde o marco principal é a torre coroada por um mirante, do qual se descortina a paisagem monta­nhosa da região de Nova Lima e Cae­tés, do pico do Itacolomi e das serras da Piedade e do Caraça.
Com 48 mil metros quadrados, o con­junto arquitetônico tem um edifício-ga­ragem com cinco pisos. Sobre ele, em recuo, foi instalado o volume do shopping center, com quatro pavimentos. Uma grande praça conduz ao hall de elevado­res do mirante, que possui desenho se­melhante ao de uma nave espacial. A torre é totalmente revestida com painéis de aço inoxidável e implantada a 400 metros do nível da praça do bairro Savassi, na re­gião central de Belo Horizonte.
No topo da torre foi acrescentado como elemento arquitetônico, um cone de 15 metros de altura, executado com tubos de aço inox preenchidos com con­creto. Chapas de aço inoxidável AISI 304 revestem o corpo da torre, a fachada do edifício-garagem e a cobertura do mi­rante. Nos dois primeiros, elas têm 1,5 milímetro de espessura e são escovadas; no último, um milímetro e acabamen­to de laminação. No total, a Acesita for­neceu cerca de 80 toneladas do mate­rial para a obra.
 

Planos diferentes

Como o terreno foi todo ocupado pela edificação, o arquiteto concebeu dois volumes para a fachada. No primeiro  trecho, correspondente aos pavimentos do edifício- garagem, ela é curva e revestida com
chapas de aço inoxidável. Já a parte destinada às lojas está em recuo e recebeu caixilhos produzidos com vidros laminados refletivos. Para abrigar  bares,  restaurante, casas noturnas e áreas de entretenimento, o edifício do shopping center exigiu fachada com propriedades acústicas. O consultor Délcio Eustáquio Braga, da BM Consultoria, especificou  caixilhos produzidos  com  vidros laminados Sunergy incolores, de 12 milimetros, prensados através de guarnições de EPDM focadas a perfis de alumínio da linha Grid, com acabamento anodizado preto fosco. Para evitar vazamento de som, na passagem de um andar para o outro e nas extremidades da fachada as colunas e os perfis de arremate foram preenchidos internamente com lã de vidro WFSO e manta asfáltica de três milímetros.

Obra calculada

Com 107 metros de altura - inclusive a fundação  é localizada em um ponto elevado da cidade, com  forte incidência de ventos, a torre foi objeto de estudos e cálculos rigorosos. segundo o calculista Antô­nio Carlos Rabelo, diretor da  Ancora Enge­nharia de Estruturas, os parâmetros utilizados para o projeto estrutural, que incluiu o mirante, foram: cargas permanentes, revestimentos, sobrecargas de utilização de 4,0 kN/metros quadrados ; e ventos com velocidade de até 190 km/h, com verificações da freqüên­cia, período e acelerações da estrutura.
"Entre os maiores  desafios estavam a limitação da deformações do topo da tor­re, sob a ação dos ventos, a restrição da aceleração a apenas 1% da aceleração da gravidade e a incorporação de sua estrutura a do prédio de garagem, compatibi­lizando os esforços, as deformações e os recalques", observa Rabelo.
A torre foi executada em concreto arma­do, apoiada em tubulões com profundidades médias de 15 metros. Pilares de concreto aparente servem de sustentação. Sua dimen­são robusta é justificada para evitar um ba­lanço desconfortável da edificação. A estrutura  totalmente  simétrica  permite  a  distri­buição  uniforme  das  cargas,  exceto  as  de vento, que são aleatórias. A base de 10 x 10 metros  vai  diminuindo  linearmente  até  a altura de 73 metros, quando a torre passa a medir  6,50  x  6,50  metros  de  diâmetro. A partir  desse ponto, abre-se o embasamento do mirante, com 30,60 metros de diâmetro, construído em concreto armado, tendo uma cúpula  de aço. O coroamento  da  estrutura é em forma  de ponteiras de concreto e aço. Os  diferentes  sistemas  de  fixação  das chapas de aço  inoxidável  no  revestimento da  cobertura  e  do  corpo  da  torre  foram dimensionado   para  atender  às cargas de­terminadas   nos  cálculos.  Definidos  o  tipo e a  espessura  das chapas, a empresa  Con­sultare fez testes de resistência à chuva e ao vento  em  laboratório,  com  um  protótipo de tamanho  real. Os painéis  foram  dimen­sionados para  suportar  cargas de ventos de até           190 km/ h; os pinos utilizados na fixa­ção têm resistência de até 700 quilos.

Torre panorâmica

No corpo da torre estão localizados os elevadores  e a  escada  que conduzem  ao mirante. Os elevadores  não panorâmicos preservam o impacto da vista para o mo­mento de chegada ao mirante, constituído de dois andares com 320 metros quadrados. No pavimento superior, onde foi ins­talado um  café, o mirante tem  raio de 11.320 milímetros, dispondo de 44 mó­dulos com vidro incolor de 1 .560 milímetros de largura e 2.400 de altura.  Des­tinado  à observação da paisagem , o pavimento inferior é um pouco menor: tem raio de 10.450 milímetros e 40 mó­dulos de caixilharia, com vidros de 1.590 milímetros de largura e 2.130 de altura.O fechamento do mirante recebeu caixilhos especiais, compostos por mon­tantes de aço inoxidável e perfis perifé­ricos, fixados por meio de suporte. Este é ancorado com chumbador de expan­são, na parte inferior da edificação, e atra­vés dele foi fixada a coluna. As esquadrias de aço inox estão presas à estrutura de aço carbono do mirante por parafusos e chumbadores de expansão. Todos os ele­mentos de fixação são de aço inoxidável, segundo Délcio Braga.Na interface dos aços carbono e inoxi­dável foi utilizada fita anticorrosiva Scotch RAP 50. A própria coluna de aço inoxi­dável faz o acabamento nas juntas dos caixilhos, pelo  lado externo, enquanto internamente foi criada uma tampa para fixação dos vidros e acabamento. a parte inferior da esquadria, no exterior, a vedação foi feita com tarucel e silicone.Para garantir total estanqueidade à fa­chada do mirante, na instalação dos vidros laminados de 12 milímetros colocou-se guarnição adesiva de PVC, no lado exter­no do quadro, e de EPDM, internamente. A acústica é garantida por uma solução de projeto, que indicou inclinação negativa de 3%; as ondas sonoras são rebatidas para o teto,tratado para absorver o som.
               

Sistemas de fixação
A integração entre as empresas partici­pantes do projeto facilitou o trabalho. Em parceria com a Mercometal, a Acesita criou um sistema de instalação com suportes e en­caixes. As chapas de aço inoxidável foram transformadas em bandejas com abas, con­tendo ganchos que se encaixam em pinos, na estrutura auxiliar, previamente alinhados, no prumo e nivelados. Arlena Montesano, responsável pelo setor de desenvolvimento de mercado para construção civil da Acesi­ta, comenta que o projeto desenvolvido para a instalação do revestimento atendeu às solicitações estéticas do arquiteto, que buscava as menores juntas possíveis."Viabilizamos a utilização do aço inoxidável com o com­prometimento e a participação de todas as empresas envolvidas no processo';ela afirma. o edifício-garagem  e no corpo da torre foi adotado o sistema de fachada ventilada, com as chapas instaladas em uma estrutura auxiliar de alumínio, por meio de ganchos-pinos. Devido às cargas de vento e ao tamanho dos painéis, com di­mensões de 1,5 milímetro de espessura,1.270 milímetros de largura e comprimen­tos de 1.730 e 1.860 milímetros, foram utilizados três ganchos-pinos, dispostos verticalmente em cada lado dos painéis.Uma das vantagens do sistema venti­lado é o colchão de ar que se forma en­tre as placas metálicas e a parede de con­creto ou alvenaria. Além de promover a ventilação das áreas revestidas, o vão fa­cilitou a montagem dos painéis. O sistema permite a vazão das águas pluviais sem a utilização de calhas. As juntas entre os painéis são abertas e possuem dez milímetros
na horizontal e cinco na vertical, reduzindo o efeito grade.
Na cobertura da torre, a fixação foi feita pelo sistema arc-weld.Nele, as chapas de um milímetro de espessura e modulação variável foram fixadas lateralmente, por parafusos soldados nos painéis a cada 150 milímetros de distância. Depois,  foram parafusadas em cantoneiras de alumínio, com furo oblongo, para permitir regula­gem e ajuste fino.Testes de laboratório para as tensões máximas de torção e arranca­mento detectaram que o sistema resiste a tensão de até dez toneladas.Para o revestimento do forro e testei­ras dos dois pavimentos da torre, onde as placas foram instaladas horizontalmente, foi adotado outro sistema de fixação. As abas dos painéis  estão ancoradas  na estrutura secundária de alumínio, por parafusos au­tobrocantes de aço inoxidável. Para evitar folgas e corrosão, as juntas têm dez milí­metros. Cada bandeja possui furos simples em uma das abas e um oblongo na outra, permitindo o intertravamento dos painéis.
Alguns fatores colaboraram para que o trabalho resultasse em uma superfície totalmente no prumo e nivelada: a medição a laser, a criação de estrutura auxiliar de alumínio e a aplicação criteriosa dos sistemas de fixação. No revestimento da torre, a perfeita disposição dos pinos nas chapas permitiu  o encaixe preciso  das peças na estrutura de fixação. Para garantir a estética e facilitar a lavagem da fachada pela chuva, as chapas foram colocadas no sentido do lixamento, na vertical. "Se elas fossem instaladas aleatoriamente, sem res­peitar o sentido do acabamento, haveria diferença de tonalidade", afirma Arlena.

Curvaturas

Constituído por duas lajes de concreto circulares, o mirante possui abas inclina­das, executadas com a utilização de estru­tura metálica de aço carbono. O engenhei­ro Gedeon Lucas de Oliveira, sócio-diretor da Mercometal , lembra que, para melhor desenvolver os trabalhos de instalação das chapas, a torre foi  dividida em setores: corpo, testeiras inferior, média e superior e cobertura. Cada quadrante do corpo da torre tem aproximadamente 420 metros quadrados de revestimento. A modulação permitiu o máximo de aproveitamento das chapas. Para as testeiras e forros do mirante, a modulação se adaptou a cada face, otimizando o uso e se ajustando à superfície desejada .Devido ao formato do corpo da tor­re, as chapas de inox foram levemente cur­vadas, mas não calandradas. Primeiro foram dobradas e depois colocadas num berço de madeira, para moldar a curva­tura. Cada uma recebeu no verso uma peça de reforço, também de aço inoxidável, cortada a laser no mesmo raio da chapa e soldada às suas abas. As peças de reforço mantêm a mesma curvatura em todos os painéis. São perfis de aço inox dobrado, posicionados no meio do painel, no sentido horizontal. as extremidades eles são soldados e no meio, fixa­ dos com silicone estrutural.Para otimizar a utilização do material, as chapas têm diferentes comprimentos. A modulação de 1,14 x 2,40 metros permi­tiu que dos retalhos de corte fossem ex­traídas as peças de reforço. As chapas usa­das para cobrir as áreas do mirante não puderam seguir uma modulação única. Todo o processo de usinagem e transfor­mação das chapas de inox em painéis foi realizado pela empresa Metalfisa, que empregou uma máquina de corte a laser, com paginação exata do dimensionamento das peças. (Por Gilmara Gelinski)

 

Ficha técnica
Obra : AltaVila Center Class e torre Piemonte
Cliente: Asti e Torre Piemonte
Local: Nova Lima, MG Projeto: setembro de 1998
Conclusão da obra: agosto  de 2005
Área do terreno : 7.000 metros quadrados
Área construída: 48.000 metros quadrados
Equipe técnica
Arquitetura: Humberto  Gontijo (autor); George Constantin e Cristine Boerge(colaboradores)
Construtora:  GL -  Hugo  Ângelo Laborne e Estevam Quintino dos Santos
Consultoria de planejamento: Malheiros
Cálculo  estrutural: Antônio  Carlos N.Rabelo
Consultoria de vidros e esquadrias : BM Projeto e execução dos painéis de aço
inox: Mercometal e Acesita
Usinagem dos painéis:Metalfisa
Consultor de estrututra metálica:Costa Baião
Fornecedores
Painéis de aço inoxidável: Acesita
Perfis de alumínio: Alcoa
Vidros:  Glaverbel