Shopping Leblon - RJ / by Erwin Galtier

EM BUSCA DA TRANSPARÊNCIA
Shopping Leblon, Rio de Janeiro
Eduardo Mondolfo Arquitetos

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O vidro está presente em clarabóias, marquises, fachadas, pisos e vários elementos arquitetônicos aplicados nas edificações do complexo multiu­so Shopping Leblon, ora em apelo estético, ora em funções estruturais, mas sempre com a proposta de conferir leveza e favorecer a luz natural.
Dentro da área de influência que compreende os bairros com popula­ção de maior poder aquisitivo do Rio de Janeiro, o Shopping Leblon reúne centro comercial, torre de escritórios, salas de exposições e centro cultural com teatro para cerca de mil
espectadores. A legislação para ocupação do lote estabelecia  limite de coroamento da  edificação  em 40  metros acima de nível do mar. Aliado  a essa condicio­nante ,  um  morro  existente  no  terreno fez com que o primeiro piso do shopping ­ center estivesse acima da cota das rua que lhe dão acesso. À primeira vista um desafio, essa situação transformou-se n elemento que direcionou a implantação do  empreendimento.

O projeto de arquitetura propôs uma área de acesso com atrativos, para des­pertar o interesse dos usuários no trajeto, que, de outra forma, seria um obstáculo psicológico. "Criamos dois átrios majestosos, com acessos por jardins es­calonados com bromélias, cactos e outros tipos de vegetação ou por um corredor com projeções holográficas", informa o arquiteto Eduardo Mondolfo. E para que os usuários possam contemplar a lagoa Rodrigo de Freitas, o Cristo Redentor, o morro Dois Irmãos e a praia do Leblon, foram concebidas fachadas com amplas áreas envidraçadas.
Com dez pavimentos e volumes que criam identidade no conjunto constru­ído, a torre de escritórios  tem  lajes de
1.250 metros quadrados. Um pouco mais baixo, o bloco destinado ao centro de compras se desenvolve em quatro pisos para lojas e três de estacionamento. No último andar, área dos cinemas e da praça de alimentação, as fachadas ganharam amplos painéis de vidro, que permitem descortinar a vista do Jockey Clube, da lagoa e do Corcovado. O grande vazio central  abriga  elevadores  panorâmicos e escadas rolantes. Ele tem na cobertura uma clarabóia estruturada com elementos metálicos tubulares e tirantes, e protegida por chapas de vidro, sempre com o obje­tivo de obter leveza e transparência.

Fachadas e clarabóias

Nos pavimentos-tipo foi usada a linha Atlanta, com vidro Sunergy de dez mi­límetros, composto por  duas  lâminas na cor verde entremeadas por película de PVB, com quadros fixos e maxim -ar. O mesmo produto foi utilizado no térreo para compor o sistema de envidraçamento estrutural, com vidros temperados la­ minados, nos formatos planos e curvos. Os painéis são fixados, em suas extremi­dades, por elementos metálicos (spiders), responsáveis pela transmissão das cargas devidas ao vento.
A ancoragem é feita em estrutura me­tálica. Para os componentes estruturais primários do tipo viga foram adotadas treliças, que são constituídas por tirantes e montantes tubulares e estão associadas a lâminas de vidro. Dessa forma, subtraí­ram-se ao máximo os elementos metálicos que pudessem de alguma forma obstruir a transparência.
Para a absorção e transmissão das cargas gravitacionais, as tradicionais colunas de aço foram substituídas por tirantes, que deslocam as cargas para o topo do envidraçamento, sendo estas,
então, transferidas para o topo da edifi­cação. Todos os elementos estruturais de aço e vidro foram dimensionados para os carregamentos permanentes acidentais e também em função dos ventos, que pro­porcionam pressões e sucções máximas de até 120 kg/m 2
A área envidraçada do átrio da fachada principal mede 275 metros quadrados e a do átrio da avenida Borges de Medeiros tem 205 metros quadrados.
A luz natural é direcionada para o interior da edificação pelas áreas en­vidraçadas da fachada e por clarabóias alocadas em pontos estratégicos. A maior delas, implantada sobre a praça de even­tos, mede 12,6 metros no menor eixo e 24,7 metros no maior. Foi construída com estrutura metálica e vidro temperado la­minado de dez milímetros, na cor verde. Duas outras foram dispostas sobre praças em forma de gotas, medindo cada uma delas 10,5 metros de diâmetro. O proje­to das clarabóias tem o mesmo foco das demais áreas translúcidas - a obtenção de leveza e transparência. Assim, a as­sociação de peças metálicas tubulares e tirantes mostrou-se a opção mais ade­quada para suas estruturas.

Vigas de Vidro

Como a edificação abriga diferentes tipos  de  atividades,  foram  concebidas áreas distinta s de acesso, identificadas por marquises que conduzem às entra­das do teatro e do shopping center. Para a marquise principal - com 25 metros de comprimento e 2,75 metros de largura -, voltada para a avenida Afrânio de Melo Franco, adotou-se uma associação não convencional de vigas de aço, vigas de vidro laminado temperado de 20 m ilí­ metros (com duas camadas de PVB) e tirantes. São 13 vigas de vidro, de 2,25 metros de comprimento, com formato trapezoidal, tendo altura de 40 milímetros na base e 20 milímetros na extremidade. Elas se distribuem em três grupos de três,intercaladas às vigas metálicas, e outras quatro no trecho mais curto da marquise, com l,35 metro entre os vãos.
Nessa mesma fachada, uma segunda marquise de menor tamanho - l,80 metro de largura por 16 metros de compri­mento - identifica a entrada do teatro. A terceira está localizada na face
volta­da para a avenida Borges de Medeiros e mede 21 metros de comprimento por três metros de largura, tendo um  tre­cho curvo. Todas possuem igual solução construtiva: estrutura metálica atiran­tada, vigas metálicas, que descarregam nas colunas, e vigas intermediárias de vidro laminado com a mesma configu­ração daquelas da marquise principal. (Por Jaime Silva)

 

Ficha técnica

Obra: Shopping Leblon Cliente: Cecon
Local: Rio de Janeiro, RJ Projeto:  2004/2006
Conclusão da obra : dezembro de 2006 Área do terreno: 16.709 m2
Área construída : 108.270 m2

Equipe técnica
Arquitetura : Eduardo Mondolfo Arquitetos - Eduardo Mondolfo (autor); Alfredo   Kroff,  Cláudia  Ruiz, Jorge Honório,Vera Menezes,Luiz Gonçalves, Allan Bernardo, Thomaz Vieira e Carla Pinheiro (colaboradores)
Construção : Construtora Santa Isabel Gerenciament: Renta
Fachada: Igor Alvim (consultoria); Metalúrgica Andrade e Grupo Galtier (execução); Erwin Dobnig Galtier - Jepracorp (térreo) Estrutura metálica : RCM
Estrutura do centro cultural: Bruno Contarini Engenharia
Fotos: Eduardo Magalhães

Fornecedores:
Perfis da linha Atlanta: Belmetal lnserts: GMM